sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Gostei

Claro que pensei em escrever sobre o show do AC/DC, mas a tarefa ficou bem mais complexa depois do ESPETÁCULO da sexta-feira passada. Quando uma grande produção sustenta um grande show de uma grande banda, vira covardia. Não há absolutamente nada de negativo a ser dito sobre a apresentação no Morumbi.
Então, em vez de escrever um tratado sobre a epopeia Black Ice Tour, deixo o link desta resenha sobre o assunto, cujas palavras faço minhas. Ah: gostaria, apenas, de registrar que as demonstrações de loucura do público foram as mais emocionantes e plásticas que já vi - foram mais de 65 mil pessoas reagindo de modo homogêneo e constante.

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Também gostei muito do último José Saramago. "Caim" reconta alguns eventos do Velho Testamento bem ao estilo do autor, que mais uma vez tenta acertar as contas com deus (escrito propositalmente com letra minúscula), agora fazendo uso do personagem-título.
Que mais vou dizer? Acho ele o máximo. Adoro o estilo de escrever, o modo de se comunicar com o leitor, o atrevimento, as picardias. Tive o imenso prazer de assistir a uma palestra de Saramago na faculdade. Acho que foi naquela ocasião que me apaixonei por ele. Não tem a ver com o fato de ele atacar a Bíblia ou nada do gênero. Divirto-me e me impressiono deveras com o simpático velhinho dono de um Nobel e de língua tão ferina.

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Adoro Porto Alegre e os poucos rituais que nutro por aqui. Um deles é assistir a um bom filme no Guion Center depois de tomar um café ali mesmo. Eles têm, quase sempre, os melhores filmes.

Hoje fui conferir o novo Almodóvar, "Abraços Partidos", na sala 1 recém-inaugurada. O número de assentos diminuiu em mais da metade para dar lugar a poltronas largas, fofas, confortabilíssimas e - vejam só que legal! - com pufes individuais para esticar as canelas e apoiar os pés. Achei demais. E olhem que o valor do ingresso continua o mesmo (R$ 12,00 nos finais de semana).

Sempre chego cedo para escolher meu lugar com calma. Fico nervosa se estou com o horário apertado e, se estiver sozinha numa situação assim, prefiro nem comprar ingresso. Nem preciso dizer que DETESTO retardatários.

Então, como de hábito, entrei na sala assim que ela foi liberada. Deu até pra tirar um cochilo de dez minutos antes do filme. A fila onde me sentei estava quase cheia (com um lugar ao meu lado e outro na ponta) e os trailers já rodavam quando chegou um casal pedindo que eu me mudasse para a poltrona que sobrou lá no cantinho da fila para que eles, par de retardatários, pudessem se sentar juntos. Não saí. Depois fiquei me perguntando se não tinha agido como uma idiota, mas devo dizer que essa sensação não durou muito tempo: afinal, eu tinha saído de casa cedo e me programado exatamente para poder me instalar em um assento centralizado. Que culpa tenho eu se as pessoas não se organizam?

Ao filme, enfim. É um belo exemplar de obra almodovariana. Muita psicologia, muitas cores, amores passionais. Não há tanto drama(lhão) quanto em "Fale com Ela" e "Carne Trêmula". O roteiro é bastante bem engendrado e consegue prender o espectador integralmente. É um bom entretenimento, o que já vale a recomendação.

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"Só podemos emitir opiniões imparciais sobre coisas que não nos interessam - eis por que uma opinião imparcial carece de qualquer valor."

- Oscar Wilde (Gilbert, em "O Crítico como Artista"; 1891)

Um comentário:

Anabela disse...

eu tb não sairia! tenho que conferir essa sala... faz tanto tempo que não vou a um cinema e com calma.